sexta-feira, 25 de julho de 2014

Oneshot: Bem-vindo Amor



- Você falou sério quando disse que pensava em ser mãe? - Foi a pergunta que Clara fez.

Era uma das noites em que ela passava na casa de sua namorada enquanto Ivan dormia na casa do pai. Estavam conversando sobre coisas corriqueiras, pois se tinha algo que elas não cansavam de fazer era conversar uma com a outra, seja qual fosse o assunto, e por mais que pensassem que conheciam tudo uma sobre a outra, sabiam que não era verdade e a cada minuto de conversa mais coisas eram descobertas fazendo com que não só a comunicação verbal, mas como a de olhares, gestos ficasse cada vez mais algo só delas.

Da telepatia delas só elas entendiam...

- Por quê? - Marina a encarou com um olhar divertido. - Está duvidando do meu lado materno?

- Claro que não! - A coisinha respondeu com um sorriso. - Seu lado materno anda fazendo um ótimo trabalho quando se trata do Ivan.

- Também não preciso me esforçar... Ivan é o filho que toda mãe gostaria de ter.

E sem dúvidas Marina era a melhor madrasta que Clara poderia ter para o seu filho.


Era perceptível como os olhos de Marina brilhavam, como ela ficava mais iluminada quando o assunto era o garoto. Parecia que Ivan era filho dela, desde o berço, não só pelo simples fato deles se deram extremamente bem, mas também em como ela cuidava de Ivan quando Clara estava terminando algum trabalho, como ela se preocupava com pequeno, como eles se divertiam juntos. Muitas foram às vezes em que a morena dos bodies ficou por um bom tempo só admirando os dois, fosse montando um quebra-cabeça ou jogando videogame, porque ela amava ouvir as gargalhadas que os dois davam e também amava saber que a pessoa que escolheu para partilhar a vida, dessa vez ela sabia que para sempre, era amada por seu filho. Chegava a se emocionar com tamanha lindeza que era os dois juntos, se captasse qualquer momento deles fazendo o que fosse, daria uma maravilhosa foto para qualquer exposição que Marina viesse fazer.

Em agradecimento ao elogio indireto, Clara deu um beijo no rosto da namorada, muito feliz com o que tinha acabado de ouvir.

- Acho que ele ia gostar de ter uma irmãzinha, você não acha?

A galã olhou para Clara por alguns segundos desacreditada com o que ela tinha acabado de ouvir. Sempre tiveram conversas informais sobre crianças, sobre aumentarem a família, que mesmo ela sentido que tinha começado, ainda tinha um pouco de receio, não de Clara desistir de tudo, ver que o que elas estavam vivendo era um erro, nada disso, mas tinha receio de estarem indo rápido demais com essa história de família e Clara resolvesse por ir mais devagar, já que estavam nesse ritmo quando o assunto era o Ivan.

- O que foi? – Clara ao perceber que Marina estava muito surpresa com o que ela tinha acabado de dizer e a expressão da fotógrafa em nenhum momento escondia isso. – Eu to muito doida? Você acha que é muito cedo para conversarmos sobre isso?

- Não, Clara. Claro que não! – Abriu um sorriso, muito feliz com o que ouvia, fazendo com que Clara sorrisse também. – Agora que estamos juntas não tem coisa que eu quero mais na minha vida do que começar uma família com você. Imagina uma dezena de crianças correndo por essa casa?

- Calma ai né Marina! Você ta querendo deixar de ser fotógrafa para virar dona de creche? Eu gosto de família grande, mas não vamos exagerar.

As duas se entreolharam e caíram na gargalhada. Claro que Marina não queria uma dezena de filhos correndo pela casa, mas também não queria ter só o Ivan. Desde que tinha conhecido Clara e sua imensa família, mesmo com todos os problemas, as brigas, os barracos envolvidos, passou a ter vontade de ter uma família grande igual, pois mesmo que tivesse seus parentes, nunca foram unidos a ponto de fazer com que ela quisesse realmente formar uma família, algo que foi acontecendo naturalmente quando começou a conviver com Clara, antes mesmo de estarem juntas, tanto que isso foi um dos inúmeros motivos dela não ter desistido nunca de sua coisinha.

- Isso está mesmo acontecendo? – Perguntou Marina ainda desacreditada, mas não contendo o sorriso. - Nós acabamos de decidir que vamos adotar uma menina?

Clara só fez um positivo com a cabeça, também sorrindo.

Ás vezes até ela se surpreendia com as coisas que propunha desde que tinha começa a namorar com a Marina. Parecia até que tinha sido ontem quando ela sugeriu que elas arrumassem um cantinho para morarem juntas. Na verdade parecia que tinha sido ontem que ela tinha escrito um email com seus sentimentos e depois apareceu no estúdio dizendo que ela não podia passar nenhum dia que fosse sem viver tudo que ela estava sentindo, pois a felicidade que ela sentiu por finalmente ter se declarado a pessoa que ela amava e as duas finalmente poderem ficar juntas ainda era a mesma, se não fosse maior.

Já com um milhão de planos na cabeça, incluindo um pedido de casamento, Marina pega a mão direita da Clara e a beija. As duas voltam a trocar olhares, não escondendo a felicidade por estarem dando mais um passo no relacionamento, algo que elas sonhavam, e por mais que quisessem, há algum tempo parecia que fugia da realidade, que elas nunca chegariam ao que estavam vivendo. Marina passou a mão bem delicadamente no cabelo de Clara, chegou até a colocar uma mecha atrás da orelha de sua namorada, e após trocarem mais um sorriso, se beijaram.

***

Desde que tinham tido a conversa onde decidiram realmente adotar uma menina, tanto Clara quanto Marina não viam a hora que esse dia chegasse. Só que desde que tinham casado e contado ao Diogo que ele seria avô, não tinham encontrado o momento propício para que pudessem iniciar o processo de adoção.

Primeiro por causa da morte do Laerte que atrasou a viagem de Lua de Mel. E depois que voltaram da viagem de amor, passada em Angra, em mais uma surpresa de Diogo, que não só tinha sido inocentado como recuperado todos os seus bens e com a ajuda de Carlota ter comprado a ilha de volta, em um gesto de presenteá-las pelo casamento. A exposição sobre casais passou a rodar o Brasil e só não passou para fora do país porque Marina era uma recém-casada que além de uma esposa para pensar ainda tinha um enteado, e por mais que Clara tivesse insistido que ela fosse, teve a recusa. Ela teria outras oportunidades de expor para fora, diferente da oportunidade de viver a vida de uma mulher que tinha acabado de casar, algo que ela só tinha planos de viver uma única vez, então queria aproveitar o máximo.

Estavam quase completando seis meses de casadas quando elas finalmente conseguiram ir em frente com os planos de adoção.

Mais empolgados que as duas só Ivan que todo dia perguntava quando elas iriam trazer a irmã dele para casa. Isso só reforçava a ideia de que elas estavam no momento certo da adoção e fazia com que a vontade e ansiedade das casadas de ter mais uma criança em casa aumentasse.

Chegaram ao orfanato cedo...

Quando começaram a procurar lugares para a adoção nunca tinham pensado que acabariam em um orfanato dirigido por freiras. Não por preconceito, não por parte delas, mas sabiam que duas pessoas do mesmo sexo adotando uma criança ainda causava várias discussões, mas foram completamente pegas de surpresa quando a madre disse que o que importava, independente de quem estava adotando as crianças, era que elas fossem criadas com muito amor e carinho, que elas fossem viver em um lar feliz, e olhando para Clara e Marina ela sabia que qualquer criança que saísse daquele orfanato tendo elas como mães seria a criança mais sortuda do mundo, porque elas transbordavam felicidade.

- Marina, espera! - Disse Clara puxando a esposa pela mão. - Você tem certeza que está na hora certa? Sabe que a criança que escolhermos vai ser nossa filha, pra sempre.

- Você nunca ouviu falar que quando adotamos uma criança não somos nós que a escolhemos e sim ela que nos escolhe? Por que o receio meu amor?

- Não é receio... É... Sei lá... É mais uma integrante na nossa família. Quero fazer tudo certo, assim como eu acho que fazemos com o Ivan.

- E vamos fazer... - Marina trouxe Clara para mais perto de si, segurando suas mãos. - Prometo.

Clara mandou um pequeno sorriso para a esposa. Sempre tomava coragem ou perdia qualquer medo e receio que tinha quando a fotografa falava assim com ela.

Deram um rápido beijo e entraram no orfanato em busca da criança, que pelo que Marina tinha dito, as escolheriam.

Foram muito bem recebidas pela freira que ficou encarregada de mostrar as crianças. Assim que entraram no cômodo em que ficavam as crianças com no máximo seus dois anos, Clara já ficou toda boba assim que viu uma menininha que não parecia ter mais de um mês em um dos berços.

- Ô meu Deus! - Pegou a bebê no colo. - Não posso nem dizer que esqueci como é ter alguém desse tamanho em casa por causa do Arthur, mas não é a coisa mais gostosa? - Clara passou o nariz na bochecha da pequena.

Marina olhava aquela cena encantada, por mais que já tivesse visto Clara com o Arthur uma centena de vezes, era diferente vê-la com um bebê que podia ser delas.

- Ela foi deixada na nossa porta nessa madrugada. - Disse a freira. - Só com a roupa do corpo.

- Que horror! - Respondeu Marina, realmente abismada. - Eu não entendo... Se já vai abandonar mesmo a criança porque não a entregam em mãos?

- Às vezes elas tem medo que chamemos a polícia ou que tentamos convencê-las a ficar com a criança, então deixam na porta...

- Eu não entendo nem como podem abandonar uma fofura dessas. - Para deixar Marina mais derretida do que já estava por ver a esposa com um bebê no colo, Clara começa a conversar com ela com a voz típica de adulto quando tem um bebê nos braços. - Não é? Como puderem te abandonar? Coisa mais linda. - Clara deu um beijo na cabeça da neném e voltou sua atenção para a Marina. - Quer ver as outras crianças? Elas devem estar lá fora.

Mesmo sabendo que provavelmente já tinham a menina que iriam entrar com o processo de adoção nos braços de Clara, a fotografa não viu motivo para recusar e não ir até o lado de fora do orfanato, em um pequeno parquinho que tinha para que elas brincassem.

Enquanto Clara conversa alguma coisa sobre a criança que estava em seu colo, Marina foi se distanciando um pouco, admirando com um sorriso bobo no rosto as crianças brincando. Mesmo que elas não tivessem pais, pareciam muito bem cuidadas, bem melhor do que se estivessem na mão de qualquer um por ai.

Completamente em outro mundo, a morena foi surpreendida com alguém abraçando sua perna, fazendo com que ela voltasse para a realidade e olhasse para baixo pra ver quem era que a agarrava.

Não deixou de abrir um sorriso quando viu a pequena garota, de cabelos lisos que passava um pouco de seus ombros, pela branca e os olhinhos puxados.

- Sofia eu já não disse para você não correr desse jeito? - Berrou a irmã que estava encarregada de tomar de conta das crianças no parquinho aquele dia. - Desculpa!

- Está tudo bem. - Marina se abaixou para ficar da altura da menina. - Seu nome é Sofia, então? - A garota fez um positivo com a cabeça. - Quantos anos você tem Sofia? - Ela fez o número 3 com a mão. - Grande desse jeito? E ainda correndo mais rápido do que eu? Não pode ser! - Tímida a garota deu de ombros. - Já sei seu nome, sua idade, agora quero saber se você fala... Você fala ou...? - Ainda envergonhada Sofia só fez um positivo com a cabeça dizendo que falava. - Já que você fala me responda uma coisa... Qual seu sorvete favorito?

Receosa ela olhou para o lado para ver se alguma freira ia lhe tirar dali fazendo com que ela não precisasse responder, mas a irmã responsável ao ver que Marina ia conversar com Sofia se retirou para olhar as outras crianças, a outra freira ainda conversava com Clara, então eram só as duas.

- Limão...

- Limão? Sério? Por que esse é o meu favorito também!

- Mentira... Quase ninguém gosta de sorvete de limão.

- Isso é verdade e isso também significa que fazemos parte do grupo do quase ninguém. - Marina voltou sua atenção para Clara que estava metros de distância, fazendo com que Sofia olhasse também. - Sabe aquela moça ali? Ela e o nosso filho só gostam do de chocolate, sempre perco nas votações de sobremesa, mas não me importo porque eles não fazem parte do grupo do quase ninguém, são modinha.

- Modinha? - Sofia perguntou confusa.

- Quando gostam do que todo mundo gosta. Soverte de chocolate é modinha.

Encorajada pela forma que Marina disse e o sorriso que estava lhe mandando, Sofia repetiu animada:

- Sorvete de chocolate é modinha.

As duas fizeram um high five e riram.

De longe Clara admirava a cena encantada. Não era surpresa para ela que sua esposa tinha jeito para crianças, mas vê-la com Sofia foi algo de encher mais de alegria um coração que já estava cheio dela. Com as duas ali conversando, Clara não deixou de imaginar como seriam os quatro como uma família, e o que ela imaginava lhe agradava e muito.

- Parece que sua esposa e Sofia estão se dando muito bem. - Comentou a freira.

- Ela parece uma criança quando fica perto de alguma. O que aconteceu com os pais da Sofia?

- Morrem em um acidente na fabrica que trabalhavam. E eram só eles e a Sofia, não tinha ninguém que pudesse ficar com ela, então veio para cá. Tem sete meses isso já. Mas ela é um amor de criança.

E disso Clara não tinha dúvidas, ainda mais por continuar vendo Marina brincando com ela, algo que ela ficou fazendo por um bom tempo, e assim como as duas não se cansavam as brincadeiras, a morena não cansada de assistir elas se divertindo e um imenso sorriso não deixou seu rosto por nenhum segundo.

- Ué amor, cadê a bebê? - Perguntou Marina ao finalmente ter parado de conversar e brincar com a Sofia.

- Ela dormiu. Pedi para que a irmã a deixasse no berço. E sua nova amiguinha... Quem é?

- É a Sofia. - Abriu um sorriso, voltou sua atenção para Sofia que brincava com algumas crianças e logo em seguida passou a olhar para Clara novamente. - Um amor de criança. Inteligente demais.

Clara soltou um riso, ainda encantada ao ver o quanto Marina estava iluminada quando falava de Sofia, parecia até mais do que quando estava mesmo brincando com a menina.

- Sabe o que eu lembrei agora? – Perguntou Clara fazendo com que a esposa a encarasse curiosa. – Quando eu fui te visitar, a segunda vez que nos vimos, você disse que era doida pra ter uma chinesinha correndo pela casa.

- Sério que você ainda lembra disso? – Clara fez um positivo com a cabeça. – Bom... Não vamos ter uma chinesinha, mas vamos ter uma brasileirinha correndo pela casa futuramente...

- Brasileirinha... Por quê?

- Como assim por quê? Eu vi como você se apaixonou pela bebê.

- Marina é um bebê... Me apaixono por todos os bebês, porque me faz lembrar de quando o Ivan era daquele tamanho, mas eu vi você com a Sofia...

- Mas eu vi você com a bebê...

- Bebê que já tem pais. – Marina a encarou confusa. – Esqueceu que bebês são muito concorridos nas adoções? Ligaram pra uma família que estavam na fila já. Eles virão mais tarde vê-la. Mas ela não tinha me escolhido, não como Sofia te escolheu agarrando até nas suas pernas.

Marina soltou um riso lembrando da cena que tinha acontecido minutos antes, cena pela qual tinha feito com que ela se apaixonasse por Sofia e quisesse levar a menina embora com ela para casa para chamá-la de “minha filha”, mas sabia que não era só por ela, e pensou realmente que iam levar a neném para casa.

- Clara...

- Não vai me apresentá-la não? Quero ver o trabalho que ela vai me dar correndo pela casa.

Sem acreditar e ainda um pouco confusa se aquilo era Clara dizendo que elas iam adotar Sofia, Marina gritou pela garota que não pensou duas vezes em deixar os amiguinhos e ir correndo na direção delas.

- Sofia essa é a Clara. Clara essa é a Sofia.

- Ah você é a modinha, então?

Marina soltou um riso. Se contassem que no começo Sofia não abria a boca nem para falar quantos anos tinha ninguém acreditaria. Clara encarou as duas com confusão, mas depois riu também para entrar de vez no clima.

- Quer dizer que vocês duas já tão de duplinha contra mim?

- Foi a Marina que te chamou assim.

- E isso era pra ser um segredo entre nós duas.

- Você não disse nada... – A garota deu de ombros. - Por que eu sou boa em guardar segredos.

- Quero ver se você é a boa mesmo... – Disse Clara. – Me diga o maior segredo que você já guardou.

- Ué... Se é segredo eu não vou te contar né.

- Boa garota! – Disse Marina entre risos levando a mãos para que elas trocassem mais um high Five.

- Ei... – Disse Sofia uma hora olhando Clara de cima a baixo e na outra olhando a Marina. – Por que você não usa roupas que nem a da Marina?

- Que? – Perguntou Clara olhando para sua roupa. – O que tem de errado com a minha roupa?

- Essa sua blusa ta muito colorida. – Disse se referindo ao body colorido, cheio de pedrinhas que Clara usava. – Ta parecendo quando eu sujei toda minha roupa de tinta outro dia.

Marina não se aguentou com a franqueza de Sofia e começou a gargalhar.

- Mas... Como assim você não gostou da minha roupa? Tenho um guarda-roupa cheio desses bodies. Tava pensando até em comprar uns para dar de presente para Marina. – Ainda rindo, Marina começou a balançar o indicador, dizendo que não queria body nenhum de presente. – Qual é Marina? Eu não to entendendo...

- Você fica linda de qualquer jeito, amor. Mas eu te disse que esse body tava demais...

- Ta mesmo. – Concordou Sofia.

- To vendo que ta rolando uma duplinha mesmo contra eu aqui, olha... – Clara estendeu a mão para Sofia. – Vem cá então, acho que temos muito que conversar sobre moda.

Sofia pegou com uma mão na mão de Clara e com a outra na de Marina e as três foram conversando, até sentarem em um banco, onde passaram um bom tempo.

***

Mais um trabalho, mais uma exposição, dessa vez com crianças. Tudo estava correndo perfeitamente bem, não tinha mais problemas nas finanças, tanto Marina quanto Flavinha estavam recebendo várias propostas de trabalho, e fora isso, no geral, estava tudo bem também.

O casamento de Clara e Marina não poderia estar melhor, ainda pareciam aquele casal em começo de namoro, quando acordavam e pensavam que não podiam estar mais felizes era ai que se enganavam e sempre acontecia alguma coisa que aumentasse mais um pouco a felicidade que estavam sentindo por estarem juntas, por terem uma família, por estarem felizes.

A mesma coisa com o namoro de Vanessa e Flavinha. Finalmente Clara pode conhecer a Vanessa que sua esposa tanto falava. Vanessinha amando era a melhor pessoa do mundo, mesmo que suas piadas e tiradas continuassem firmes e fortes, mas para outros propósitos, não mais alfinetando o casamento alheio, tanto que ela e Clara, depois de todos os desentendimentos do passado estavam se dando muito bem, podia-se dizer que tinham virado até amigas, coisa que de começo, Marina e Flavinha já tinham confessado várias vezes que foi uma grande surpresa, mas que já tinha passado da hora de elas começarem a se dar bem.

- Eu gosto de mulher. Eu mexo com isso, coisa de gay.

Foi mais uma das pérolas que Vanessa soltou quando foi conhecer o professor de russo que Branca tinha arranjado. Em meio aos risos, Ivan e Sofia apareceram correndo em meio dos adultos entrando no estúdio.

- Eu já avisei! – Disse Vanessa voltando ao estúdio para ver se as crianças não tinham quebrado nada com o momento Maratona São Silvestre que estavam tendo. - Qualquer dia essas crianças vão cair e se esfolarem toda e eu vou ta 100% nem aí.

- Deixa que já parei elas. – Disse Clara, recebendo em resposta um troféu joinha de Vanessa, enquanto ela se retira mais uma vez do estúdio. – Eu já falei pra vocês não ficarem correndo, ainda mais aqui enquanto estamos trabalhando? E... – Clara passou o dedo nos cantos da boca de Sofia que estava sujo de sorvete, só não conseguia distinguir de qual sabor, porque parecia que a menina tinha tomado a sorveteria inteira. – Que boca toda suja é essa Sofia? Não lembrava que sorvete de limão fazia tanta sujeira assim.

- Mas não era só de limão, mãe. – Respondeu Sofia. – Tia Vanessa tinha levado mais um monte de sorvete lá pra gente, mas acabou.

- Sofia ela tinha dito que não era pra contar. – Disse Ivan fazendo com que a garota levasse as mãos até a boca, lembrando que não era pra ter contando. – Mas nós vamos jantar sim viu mãe, prometemos.

- Que bom que estão me dizendo isso, porque já estava pronta para cancelar nosso jantar na pizzaria.

- Jantar na pizzaria? Eba! – Comemorou Ivan. – Faz tempo que não jantamos na pizzaria.

- Nossa... Realmente faz muito tempo! Uma semana. – Clara bagunçou o cabelo de Ivan fazendo com que tanto ele quanto a Sofia rissem.

- Ô mãe quando você vai terminar com essas fotos? A mãe disse que vamos na pizzaria. Não demora muito não!

- Já to terminando. – Respondeu Marina que tirou um segundo de sua atenção das crianças que fotografava para olhar para a filha. – Mas Sofia... Vem aqui com a mãe, rápido. Você também, Ivan.

- Marina o que você vai... – Ao ter as crianças posicionadas, Marina começou a fotografa-las. – Pelo amor de Deus, Marina... A menina ta com a boca toda suja de sorvete, parece que não toma banho tem uma semana. Mesma coisa pro Ivan que parece que tava rolando na terra junto com o cachorro.

- Olha amor... Vem cá ver! Vai dar um tom mais real... Olha aqui Flavinha... – Marina mostrou sua câmera com as fotos que tinha acabado de tirar para elas. – Eu tive umas ideias aqui, agora... Vamos terminar esse ensaio que vamos discuti-las. Vem crianças, se juntem ai...

PS: Fiquei iludida até o último segundo dessa cena achando que a chinesinha ia sair correndo quase derrubando a Vanessinha, e nada para seguir normal, então resolvi escrever uma one pra eu ficar menos frustrada com essas trollagens e compartilhá-la com vocês. Espero que tenham curtido, por que mostrar meu momento "exalando amor em fanfic" não estava nos meus planos. E não queria dizer nada não, mas Sofia combinou mais com a bichinha do que eu imaginei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário